Já era início da noite, eu tinha voltado da escola Nossa Senhora de Fátima, liguei a rádio para escutar o programa do palhaço Carequinha, quando de repente, corri para cozinha, onde minha mãe estava ocupada com os afazeres domésticos.
Cheguei perto dela e falei:
— Mãe, estou com vontade de apanhar.
Ela respondeu com toda paciência:
— Minha filha, você não fez nada, como quer que eu bata em você?
Ela continuou preparando o café, o cuscuz e uma sopa deliciosa. Eu então, insisti:
— Mãe, estou com vontade de apanhar. Eu quero apanhar!
Ela, com toda paciência do mundo, respondia o de sempre, mas eu insistia dizendo:
— Eu quero apanhar! Eu quero apanhar!
Comecei a chorar e batendo as pernas... Como paciência tem limite, a da minha mãe se esgotou e pegando a chinela falou:
— Quer apanhar? Pois tome!
E me deu umas boas chineladas.
Hoje eu entendo que tudo que eu queria naquele momento, era chamar a atenção da minha mãe que sempre estava ocupada com tantos filhos, não podia dar atenção toda hora. Eu deveria ter uns 6 anos. Aquela criança só estava querendo o colo da mãe, disputado por catorze filhos.
Só uma grande mãe como a minha, poderia dar conta de tantos e de todos. Sou muito grata por tanta dedicação e amor e por ter tido uma mãe tão maravilhosa.
Hoje, ela é uma estrela no céu, iluminando nossa caminhada.
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